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Estão abertas as inscrições para o Prêmio Internacional WCRP/WWRP para Desenvolvimento de Modelos

27 de agosto de 2020

 

O Programa Mundial de Pesquisas do Clima (WCRP) e o Programa Mundial de Pesquisa do Tempo (WWRP) estão com inscrições abertas para o “Prêmio Internacional WCRP/ WWRP para Desenvolvimento de Modelos” até o dia 30 de setembro de 2020. A premiação é realizada anualmente para homenagear iniciativas de pesquisadores em início de carreira que contribuem para o Earth System Model Development

 

Realizado desde 2014, o prêmio oferece um certificado oficial e financiamento para que o vencedor apresente a pesquisa em uma grande conferência ou reunião relevante de sua escolha. O resultado será anunciado até o dia 10 de dezembro.

 

Para se candidatar é necessário estar nos primeiros dez anos de carreira, medido pelo recebimento de um PhD ou qualificação mais alta equivalente; ter contribuído significativamente para o desenvolvimento de um modelo com impacto comprovado através dos resultados da pesquisa; ter feito uma contribuição significativa para a comunidade em geral, como publicações, editoriais, atividades de organização/convocação, implementação operacional ou forte envolvimento em programas de modelagem nacionais e internacionais.

 

Os interessados devem preencher o formulário IPMD e enviar por e-mail para a WCRP (mrixen@wmo.int) e a WWRP (pruti@wmo.int) até a data de encerramento das inscrições. Ao preencher a ficha de inscrição é necessário incluir cartas de recomendação, o currículo do candidato e até três artigos ou notas técnicas que comprovem a melhoria do modelo apresentado e evidências da contribuição individual do candidato na pesquisa.

 

Para mais informações, acesse: https://www.wcrp-climate.org/wmac-activities/ipmd-2020.

 

PUC-Rio é a sede da Secretaria Executiva da SDSN Brasil

27 de agosto de 2020

 


A estruturação da SDSN Brasil aconteceu em 2014, a partir de um grupo de universidades, durante uma visita do professor Jeffrey Sachs à PUC-Rio. Antes disso, a PUC-Rio já estava envolvida em alguns eventos das Nações Unidas que acabaram por se tornar embriões da rede, como a conferência na Universidade de Columbia, em 2011, quando se discutiu o desenvolvimento sustentável como uma disciplina universitária, e a discussão do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU), sediada na PUC-Rio, durante a Rio+20. Desse modo, ao assumir a coordenação da SDSN Brasil, a PUC-Rio colabora para que a rede tenha um retorno à origem acadêmica.A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) sedia a SDSN Brasil nas dependências do campus da Gávea. O trabalho é coordenado pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente – NIMA, espaço da instituição responsável pela integração e troca de conhecimento interdisciplinar nos estudos socioambientais na Universidade. Dessa forma, desde outubro de 2019, a PUC-Rio responde pela coordenação da Secretaria Executiva da SDSN Brasil para ser um local de articulação entre as instituições acadêmicas e a sociedade civil e, assim, estabelecer pontes para realização de soluções em desenvolvimento sustentável.

“Outra característica que a PUC-Rio quer trazer para a sua gestão da SDSN Brasil é a ampliação da visão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), trabalhando com todo o universo dos ODS, sem priorizar um grupo específico de objetivos. Assim, esperamos que a Universidade, por meio de seus pesquisadores, professores e estudantes, possa se vincular aos ODS de acordo com seus interesses de pesquisa”, acrescenta o professor Luiz Felipe Guanaes, diretor do Nima, ressaltando a importância do envolvimento do aluno, que pode participar tanto em projetos de pesquisa quanto em trabalho voluntário, atuando com a equipe da coordenação da rede.

Trabalhando em parcerias com outras instituições, a meta da PUC-Rio é criar uma plêiade nacional de universidades alinhadas com os objetivos de desenvolvimento sustentável que façam uma reverberação desses ODS. “A SDSN é uma rede que trabalha com parceiros e isso vai ser um processo natural que, em determinado momento, vai extrapolar nossa mão. O que esperamos, na verdade, é que os grupos de pesquisa se incorporem como atores ativos nas questões da SDSN e nas soluções de desenvolvimento sustentável”, explica o professor.

A SDSN Brasil é uma rede que envolve organizações da sociedade civil, instituições acadêmicas de ensino e pesquisa, que têm o objetivo de potencializar os impactos e o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. Os 17 ODS definidos durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável realizada em 2015, preveem ações nas áreas de mudanças climáticas, crescimento econômico inclusivo, infraestrutura, cidades sustentáveis, consumo responsável entre outras. Veja aqui os 17 ODS e as metas de Desenvolvimento Sustentável.

“Ao assumir a coordenação da SDSN Brasil, a PUC-Rio consolida o papel ético que a Universidade sempre teve e o compromisso de formação integral, não apenas social, mas socioambiental”, completa Guanaes.

Desenvolvimento Sustentável: como chegamos até aqui

A relação do homem com a natureza não é estática, ao contrário, muda conforme os avanços tecnológicos, científicos e transformações sociais. A industrialização trouxe consigo mudanças climáticas e consequências ao meio ambiente, que hoje se tornaram urgentes serem repensadas. A cada ano, mais pessoas de diversas partes do planeta vêm aderindo ao movimento ambientalista. Apesar de o tema estar em alta no momento, o movimento em prol do desenvolvimento sustentável é antigo, possui longa trajetória com marcos históricos.

Após a Segunda Guerra Mundial 50 países se uniram novamente, dessa vez, com o objetivo de combater às desigualdades sociais, além de lutar pela paz e por um mundo mais sustentável. Nascia assim, em 24 de outubro de 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, a organização é formada por 193 países-membros. A história do desenvolvimento sustentável começou a ser traçada em 1972, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. O evento foi de extrema importância para a humanidade e originou uma Declaração com a proposta de uma nova agenda ambiental, que abordou noções de crescimento econômico alinhadas à preservação do meio ambiente.

No mesmo ano, a ONU criou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que atualmente é a principal autoridade global em meio ambiente. O programa exerce a função de preservar o meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável. Com o crescimento da preocupação de um uso mais saudável do planeta, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU publicou o Relatório Brundtland, em abril de 1987. Pela primeira vez na história, o conceito de desenvolvimento sustentável foi oficialmente declarado em um discurso público.

Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro

Em 1992, foi a vez da Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. Também conhecida como a Cúpula da Terra, a conferência reuniu inúmeros chefes de Estado para debater sobre o desenvolvimento sustentável e possibilitou a adoção da Agenda 21, um importante acordo que pensava além das questões ambientais. Além da proteção dos recursos naturais, o plano de ação também incluía assuntos como a pobreza e padrões insustentáveis de produção e consumo.

Em 1997, foi adotado o Protocolo de Kyoto, um tratado internacional entre os países membros da ONU que estabeleceu metas de redução de emissão de gases estufa para os países industrializados. Em 2002, foi realizada a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Johanesburgo, na África do Sul. A reunião teve o objetivo de acompanhar o progresso e avaliar as novas questões que surgiram desde a Cúpula da Terra, em 1992.

Vinte anos depois da Cúpula da Terra, a cidade do Rio de Janeiro sediou novamente uma conferência que definiria os próximos rumos da preservação do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, apresentou soluções para uma economia mais verde e abordou temas como erradicação da pobreza e justiça social. O objetivo do encontro foi verificar os avanços desde a Eco-92 e trilhar os próximos passos para um mundo mais sustentável.

Criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Em setembro de 2015, a sede da ONU em Nova York recebeu a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável. O encontro foi decisivo para a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como parte de uma nova agenda ambiental com prazo para 2030. Os ODS tiveram como referência os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que alcançaram ótimos resultados na redução da pobreza global no período entre 2000 e 2015.

A Agenda 2030 é um plano de ação criado pelos 193 países-membros das Nações Unidas para as pessoas, o planeta e a prosperidade, com o propósito de fortalecer a paz universal com mais liberdade. Lançada em agosto de 2015, a agenda propõe 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas correspondentes para serem cumpridos até 2030, que buscam erradicar a pobreza e promover um mundo mais justo e sustentável. Desde que foi criada, a Agenda 2030 já conseguiu mobilizar mais de 120 países, com foco no enfrentamento de desafios globais para o desenvolvimento sustentável do planeta.

Criação da Sustainable Development Solutions Network (SDSN)

Em 9 de agosto de 2012, o então secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, criou a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável, do inglês Sustainable Development Solutions Network (SDSN) da ONU. A SDSN é uma iniciativa global que mobiliza conhecimento científico e tecnológico da academia, da sociedade civil e do setor privado com o propósito de promover soluções para o desenvolvimento sustentável. A iniciativa possui um papel especial no aconselhamento à ONU sobre os ODS e na seleção de indicadores adequados para acompanhar a sua implementação, através de relatórios anuais com dados que avaliam a performance dos 193 países-membros.

Criação das redes nacionais e regionais da SDSN

Atualmente, a SDSN é composta por 38 redes nacionais e regionais. A iniciativa chegou ao Brasil em 2014 e tem a função de dar visibilidade às iniciativas que coloquem em prática os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos na Agenda 2030 da ONU. Em cada área de atuação, as redes de universidades, centros de pesquisa e outras instituições de conhecimento da SDSN contribuem com os mais recentes conhecimentos em desenvolvimento sustentável por meio da mobilização de apoio para os ODS, educação de alta qualidade, colaboração em pesquisas e estímulo de iniciativas sustentáveis.

Inscrições para o Prêmio SDG Action Awards estão abertas

12 de agosto de 2020

 

 

Em sua terceira edição, o prêmio SDG Action Awards (do inglês, Prêmio de Ação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU está com as inscrições abertas até o dia 9 de outubro. O prêmio reconhece projetos internacionais de grande impacto que promovem ações mais inclusivas e sustentáveis.

 

A edição de 2020 busca soluções capazes de mobilizar e inspirar um grande número pessoas enquanto fortalece o diálogo e a confiança entre as pessoas e instituições em todos os níveis, promovendo simultaneamente os valores da esperança e da solidariedade. 

 

Desde 2018, a premiação atraiu mais de 2.750 inscrições em 142 países. A iniciativa já contabiliza 64 projetos, incluindo séries transmídia sobre o impacto das mudanças climáticas, programas de poesia sobre saúde sexual e reprodutiva e plataformas de blockchain que conectam empreendedores de países periféricos para limpar o plástico do oceano. Os vencedores serão notificados por email e anunciados publicamente em uma cerimônia especial de premiação do SDG Action Awards da ONU, em novembro.

 

Apesar do processo ser julgado em inglês, o participante poderá optar por realizar o vídeo de apresentação do projeto em seu próprio idioma. Neste caso, o vídeo deverá conter legendas em inglês. Para obter orientações sobre como adicionar as legendas, clique aqui:

https://support.google.com/youtube/answer/2734796?hl=en

As inscrições podem ser feitas através do site:

https://sdgaction.smapply.io/prog/sdg_action_awards/ 

 

Você pode ser o próximo vencedor, participe!

ONU lança conversa global para comemorar seu 75º aniversário

29 de julho de 2020

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Para celebrar o aniversário de 75 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) apresenta uma conversa global para enfrentar os desafios atuais e construir um futuro melhor. Um dos veículos desse diálogo é a Pesquisa UN75, que envolve questões capazes de captar diversas perspectivas e ampliar vozes. 

O questionário leva apenas um minuto para ser preenchido e está disponível em 62 idiomas, incluindo o português.

As respostas obtidas através desta pesquisa ajudarão a traçar novas estratégias para os próximos anos e serão apresentadas à Assembléia Geral pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Portanto, esta é uma oportunidade única de ajudar a mudar os rumos da governança global. A sua opinião pode fazer a diferença, participe!

Para preencher o questionário, acesse https://un75.online/partner/sdsn?lang=prt

G20: Cura-te a ti mesmo

27 de julho de 2020

 

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Jeffrey D. Sachs, professor de Desenvolvimento Sustentável e Política e Administração de Saúde da Columbia University em Nova York e diretor da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável (SDSN) da ONU, avalia a postura de membros do G20 frente à pandemia em artigo publicado no Project Syndicate.

Confira o texto na íntegra.

 

Os ministros das Finanças do G20 se reúnem nesta semana sob os auspícios da Arábia Saudita, que detém a presidência do grupo este ano. Mas é difícil imaginar países do G20 liderando o mundo, como eles gostam de fazer de conta que fazem. A maioria deles não tem condições de efetivamente liderar a atual crise do COVID-19.

 

Como são as maiores economias do mundo, os membros do G20 têm primordial responsabilidade na próxima reunião: concordar nas às ações para suprimir a pandemia. Alguns poucos países do G20 estão se saindo bem. Os países retardatários precisam tomar urgentes medidas para impedir a propagação do vírus. Todos os países do G20 precisam cooperar nas políticas de escala global para superar a crise da saúde.

 

É preocupante a visão geral dos países do G20. Muitos são tão mal governados que foram totalmente incompetentes em conter a pandemia. A julgar pelos dados das duas últimas semanas, o maior fracasso do G20, com 176 novos casos, todos os dias, por milhão de habitantes, o Brasil, liderado pelo imprudente populista Jair Bolsonaro, ele próprio agora tendo contraído o vírus. O segundo maior fracasso são os Estados Unidos, liderados pelo Bolsonaro do norte, Donald Trump, com 137 novos casos por dia, por milhão de habitantes. Os outros dois países do G20 com mais de 100 novos casos por dia por milhão de habitantes são a África do Sul (129) e a Arábia Saudita (112).

 

O próximo grupo de países, reportando de 10 a 100 novos casos por dia por milhão de habitantes, inclui Rússia (47), México (43), Turquia (16), Índia (15) e Reino Unido (11). Todos esses países correm o risco de um significativo aumento na transmissão, com México e Índia parecendo estar em maior risco.

 

Atualmente, seis países do G20 registram de 1 a 10 novos casos por dia por milhão de habitantes – números razoavelmente baixos que possibilitam a decisiva supressão do vírus em um futuro próximo: Canadá (8), França (8), Alemanha (5), Indonésia (5), Itália (4) e Austrália (3).

 

Apenas três países do G20 relatam menos de um caso novo por dia por milhão de habitantes: Coréia do Sul (0,96), Japão (0,9) e China (0,01). Esses três países do nordeste asiático aplicaram a combinação necessária de liderança política, profissionalismo em saúde pública e comportamento responsável (uso de máscaras, distanciamento físico e aprimoramento da higiene pessoal).

 

Uma epidemia é um fenômeno social e precisa de uma resposta social. Como Coréia do Sul, Japão e China demonstraram, o vírus pode ser suprimido – ou seja, novos casos podem ser baixados para quase zero – se uma lógica básica for seguida. Aqueles que estão infectados com o vírus precisam proteger aqueles que não estão infectados. Eles podem fazer isso de quatro maneiras durante as duas semanas em que são infectantes: manter distância física; usar máscaras faciais; ficar em casa e longe dos outros; e permanecer em recinto público de quarentena se o isolamento na própria casa não for seguro.

 

Essa proteção não precisa ser perfeita e, de fato, não será. No entanto, deve ser boa o suficiente para garantir que, em média, 1 indivíduo infectado infecte menos que 1 outro. Todas as pessoas devem ser cautelosas até a pandemia ser suprimida. Isso significa usar máscaras em locais públicos, manter uma prudente distância dos outros e monitorar a si mesmos e seus contatos próximos quanto aos sintomas. Órgãos públicos precisam disponibilizar locais de teste e serviços de apoio ao isolamento de indivíduos infectados, seja em casa ou em instalações públicas. Os responsáveis por locais de trabalho devem tomar medidas de precaução, incluindo trabalho remoto ou seguro distanciamento físico no local.

 

As flagrantes falhas do G20 começaram na maioria dos casos no topo. Bolsonaro e Trump são fanfarrões, valentões, divisores e sociopatas. O enorme número de mortos em seus países não os levou a expressar compaixão, nem tampouco a políticas efetivas de saúde pública. Observa-se um comportamento perverso semelhante entre outros homens fortes do G20. Embora as mulheres líderes (na Nova Zelândia, Finlândia, Dinamarca e outros países) tenham um histórico superior na pandemia o G20, infelizmente, tem apenas uma, a Chanceler Angela Merkel.

 

Trump é um caso especial, porque ele governa a maior potência militar do mundo. A sociopatia de um presidente dos EUA é uma tragédia mundial, diferente da de um presidente brasileiro (embora a sociopatia de Bolsonaro afete o mundo por meio de uma agenda contra o ambiente que alimenta a irresponsável e deliberada destruição da Amazônia). A decisão de Trump de retirar os EUA da Organização Mundial da Saúde em meio à batalha pandêmica produz imediatas repercussões globais. O mesmo acontece com seus esforços para iniciar uma nova guerra fria com a China, em vez de salvar o próprio país e cooperar com a China para ajudar o resto do mundo a combater a pandemia.

 

Nisso, a China obviamente tem muito a oferecer. O país tem tomado as medidas mais decisivas do mundo para suprimir uma pandemia fulminante (após o primeiro surto em Wuhan) e pode estar a caminho de produzir a primeira vacina utilizável.

 

No entanto, os resultados sociais não são apenas resultado de liderança política. Também dependem da cultura e da responsabilidade social. A cultura confucionista do nordeste da Ásia enfatiza a cooperação social e o comportamento pessoal pró-social, como o uso de máscaras faciais. Americanos fanáticos, incitados por Trump, proclamam em voz alta a liberdade de rejeitar máscaras faciais – ou seja – a liberdade de infectar outros americanos. Dificilmente, afirmações como essa seriam ouvidas nordeste da Ásia.

 

O que também é notável é o fracasso dos líderes empresariais dos EUA em tomar medidas para conter a epidemia. Um dos principais empresários da América, Elon Musk, exigiu a reabertura da economia (e de seus negócios), em vez de usar seu talento em engenharia para ajudar a conter o vírus. Outros líderes empresariais também contribuíram muito pouco ou quase nada para suprimir a epidemia. Isso também faz parte da cultura americana: dinheiro em detrimento da vida humana, riqueza pessoal em detrimento do bem social.

 

Os ministros das Finanças do G20, sem dúvida, falarão de dinheiro – orçamentos, incentivos, política monetária – e assim deveriam fazê-lo, mas somente depois de falarem em interromper a trajetória do vírus propriamente dito. Não há como salvar a economia sem parar a pandemia. Garantir medidas efetivas de saúde pública é o essencial da política econômica de hoje.

 

Tradução de Anna Maria Dalle Luche, Brazil

 

Jeffrey D. Sachs, professor de Desenvolvimento Sustentável e de Políticas e Gerenciamento de Saúde da Universidade de Columbia, é diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável de Columbia e da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável (SDSN) da ONU. Ele já atuou como consultor especial para três secretários-gerais da ONU. Seus livros incluem O Fim da Pobreza, Riqueza Comum, A Era do Desenvolvimento Sustentável, Construindo a Nova Economia Americana e, mais recentemente, Uma Nova Política Externa: Além do Excepcionalismo Americano.

 

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