Pesquisadores destacam papel das universidades como facilitadoras na implementação da Agenda 2030, durante Conferência da SDSN Brasil


Vice-presidente da SDSN das Américas, Emma Torres

 

A importância do trabalho das universidades na cooperação com a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN Global) foi amplamente destacado durante o segundo dia da Conferência Anual da SDSN Brasil, nesta quinta-feira, 29. A vice-presidente da SDSN das Américas, Emma Torres, pontuou que as instituições de ensino têm grande papel em discutir e propor ações locais para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

Emma Torres fez questão de frisar que atualmente, a SDSN possui mais de 1.200 universidades com membros ativos e está presente em 186 países. A vice-presidente da SDSN das Américas pontuou também que agir em dimensões globais é a vocação da Rede, sobretudo na disseminação a nível mundial de soluções sustentáveis no ensino acadêmico e científico. Entre os múltiplos esforços realizados pela Rede está o guia “Acelerando a Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas Universidades”, com o objetivo de ajudar as instituições de ensino a pôr em prática uma metodologia de ensino voltada para o cumprimento da Agenda 2030 e dos ODS.

“O fato de estamos nas universidades, como é o caso da PUC-Rio, que são líderes nos seus países é muito importante porque também tem um trabalho da academia. É muito interessante ver como as nossas redes avançam com temas que são originais e que merecem uma atenção maior a nível da especificidade local e regional”, reitera Emma.

Seguindo a fala de Emma, a coordenadora de redes nacionais e regionais da SDSN, Dorothea Strüber, explicou que a Rede tem o poder de debater e analisar grandes problemas globais, por isso a SDSN Brasil concentra esforços para estreitar relações entre os membros no país. Neste sentido, elogiou a PUC-Rio durante a Conferência, afirmando que a instituição tem feito um ótimo trabalho em sediar a Secretaria Executiva da SDSN Brasil. Um dos principais obstáculos enfrentados pela SDSN é na obtenção de dados para os seus relatórios anuais, o que torna o trabalho das universidades imprescindível na questão de fornecer indicadores de qualidade em tempo real.

“Atualmente, durante a pandemia nossas redes se esforçaram para fornecer suporte científico, que foi essencial aos governos. As redes da SDSN provaram ser realmente vitais para o trabalho de combate à pandemia, desenvolveram soluções e criaram parcerias inovadoras durante este período, trabalhando as necessidades imediatas e a recuperação a longo prazo”, assegura Dorothea.

 

Coordenadora de redes nacionais e regionais da SDSN, Dorothea Strüber

 

O evento on-line foi a primeira Conferência da SDSN realizada pela PUC-Rio, um ambiente rico em conteúdo científico e que está em harmonia com os ideais sustentáveis propostos pela Rede. De acordo com o chair da SDSN Brasil e diretor do Núcleo Interdisciplinar do Meio Ambiente (NIMA/PUC-Rio), Luiz Felipe Guanaes, o principal desafio da SDSN no país é ampliar a rede de universidades. Para ele, as instituições de ensino têm o poder de percepção, mas não necessariamente a solução dos desafios globais. Ele afirma ainda que a percepção e criatividade das novas gerações são soluções possíveis de serem absorvidas por outras entidades e organizações, destacando a SDSN como a responsável por oferecer caminhos para que essas iniciativas desenvolvidas dentro das universidades atinjam a realidade social.

“Nós temos um facilitador enorme, e esse facilitador se chama Papa Francisco. Foi criado há cinco anos a Laudato Si’, que na verdade é uma encíclica verde que tem uma harmonia muito grande com os ODS. Então nessa medida a gente consegue, acredito eu, montar redes fortes de pesquisa que vão gerar, no final das contas, soluções muito concretas. Você tem que pensar grande olhando o local e olhar o local pensando grande”, completa Guanaes.

O diretor da Rede de Empreendedorismo Sustentável de Impacto (BAANKO), André Menezes, reforça a necessidade de transformar problemas pontuais em ações locais, criando negócios de impacto em pequenas escalas com soluções futuras. A Baanko é responsável por promover programas de desenvolvimento no Brasil com foco nos ODS, como por exemplo a adoção de medidas relacionadas à economia circular em lixões. Para ele, existem milhares de oportunidades nacionais com chances de serem implantadas a nível global.

O monitoramento e avaliação de políticas públicas são essenciais para que a sociedade possa ter mais conhecimento sobre a realidade. É a partir deste princípio que o Coordenador do Observatório Metropolitano ODS (METRODS), Cid Blanco, inicia a sua participação na Conferência. 

“A agenda 2030 serve de inspiração para o trabalho das pessoas há muito mais tempo que a gente imagina e aí tivemos a ideia, através da ONU Habitat, de fazer uma série de mesas redondas apresentando os projetos selecionados e debatendo o papel da arquitetura e urbanismo no desafio de planejar as cidades e pensar num momento de pós pandemia. Assim que passar essa série de eventos, a gente vai voltar ao projeto original, da instalação dos observatórios para divulgar e difundir esse trabalho a partir do uso de indicadores locais próprios, sem a necessidade de dados oficiais, para que a gente possa monitorar a Agenda 2030”, comemora Blanco.

 

Coordenador do Observatório Metropolitano ODS (METRODS), Cid Blanco

 

Universidades ajudam na implementação da Agenda 2030

Ele acrescenta ainda que, atualmente, é difícil trabalhar com dados de pesquisa oficiais. Neste sentido, a parceria com as universidades tem sido de grande importância, sobretudo para o METRODS. Os indicadores fornecidos pelas universidades ajudam na implementação da Agenda 2030 e de políticas públicas, pois informam as reais necessidades sociais aos governantes. 

O encontro virtual foi encerrado por Virgílio Viana, chair da SDSN Amazônia, que tem a missão de promover iniciativas para o desenvolvimento sustentável na região Amazônica, que acontece graças ao apoio de diversas parcerias nacionais e internacionais. “É uma instituição irmã da SDSN Brasil, a diferença é que nós somos uma instituição plurinacional, que envolve os nove países da Amazônia”, explicita Viana. 

O segundo dia da Conferência Nacional da SDSN foi mediado pelo empresário Marco Simões e pela Coordenadora de Rede SDSN Brasil, Melissa Casacchi. O evento colocou em pauta o tema “Problemas Globais e Ações Locais”, com o objetivo de apresentar a SDSN Global e sua atuação ao público.

Publicada em 30 de outubro de 2020 e está arquivada em Notícias e Eventos.


Top